sábado, 28 de abril de 2012

Hipocrisia não rima com Sala de Aula

Trabalho em uma instituição pública de caráter privado. Seria muito interessante se bastasse apenas dizer isto para que todos entendessem do que se trata, mas por via das dúvidas, devo explicar melhor por entender que muitos não o saberão. Trata-se de uma empresa pública onde os contratos de trabalho por ela estabelecidos são regidos pela Consolidação das Leis Trabalhistas; a mesma que estabelece as regras de uma empresa privada. Logo não sou funcionário público como muitos pensam, pois para sê-lo deveria trabalhar numa empresa pública sob Regime Jurídico Único dos Servidores Públicos. E não é o caso. Explicar, explicar e explicar... eis a questão!

Se pareço pedante, o faço porque no dia a dia consigo perceber o quanto uma grande parcela da população se condicionou à ignorância, eis a razão de explicar minuciosamente. Não desmerecendo a inteligência do leitor deste artigo, mas muito porque me sinto na obrigação de explicar. Os parágrafos seguintes justificarão minhas colocações.

Quem costuma ler as minhas idéias sabe que sempre insisto em uma situação, e mais uma vez reafirmo: criem o hábito da leitura, ela é fundamental na sua vida! Situações inusitadas como a que vou citar são consequências da ausência completa do hábito de ler. Eu estava na rodoviária de Belém comprando uma passagem para Capanema quando percebi uma fila formar-se no guichê ao lado, e todos que por alí passaram sabem que as sinalizações ali são ótimas e não deixam praticamente nenhuma dúvida sobre onde comprar sua passagem para o destino que se deseja.

A fila contuava a formar-se atraz de uma senhora aparentando seus 38 anos que desejava seguir para o interior do Pará também. Os demais, uns cinco, que se agruparam à ela aguardavam atendimento quando um aparente atendente entrou no guichê e ela já irritada dirigiu-se à ele e reclamou: "Vai começar a atender ou não? Tô aqui ha horas e ninguém começa a atender!" - Acredito que não faltou vontade do reclamado perguntar a ela se ela não sabia ler, ele resumiu-se em dizer que ela deveria dirigir-se ao guichê ao lado, pois além daquele estar desativado havia um aviso em letras garrafais sobre o redirecionamento dos clientes para o guichê ao lado. Ela mais irritada ainda retrucou: E só  agora me avisam?!

Eu poderia enumerar várias outras situações, mas deixo para outra oportunidade, esta me bastou para colocá-los diante de uma situação vexatória para uma grande parcela da população paraense, um reflexo de uma educação mal cinduzida, que segundo o Ministério da Educação vem melhorando a galopes de um cavalo de corrida... Para uma educação que tenta justificar as inúmeras modificações no currículo escolar com um discurso de que o cidadão deve estar preparado para a vida; estamos produzindo educação de qualidade mesmo?

Não me refiro à situações pontuais de sucesso, mas sim à grande parcela que apenas precisa de um diploma para justificar suas vidas profissionais, e que na verdade não deram a verdadeira importância para o que deveria ser realmente importânte, o valor do saber e o poder de trasnformação que ele possui. Valores que são despertados no seio familiar e que se perderam por desobrigação com a família justificados por um discurso medíocre de trasnformação da sociedade. 


Wagner Cunha

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